Para marcar a data do próximo domingo, poderia entrevistar
alguma mulher (mãe, avó...), afinal sou "quase" uma jornalista. Mas,
não. Preferi me auto entrevistar, e passar uma mensagem, através da experiência
mais "louca" da minha vida, a de ser mãe.
Faço parte de uma estatística do governo, a gravidez na adolescência. Em 1996, aos 16 anos, fui surpreendida com uma gestação indesejada, no início, mas que iria mudar completamente a minha vida.
A camisinha e os anticoncepcionais conheci nas aulas de ciências e biologia, e na Capricho - revista a qual era assinante e amava - mas nunca pensei que a falta desses métodos fosse provocar o "barato mais doido" que já vivi.
Ver o meu corpo se transformar tão rapidamente não foi
fácil. Até então, minha maior preocupação estética eram as espinhas. Agora,
além delas, teria que administrar, também, uma enorme barriga mapeada por
inúmeras estrias. Um desafio físico e psicológico inexplicável. A Acnase (creme que combate a acne) e o óleo
de amêndoas foram meus aliados nessa guerra perdida.
Não vou falar de relação conjugal, até porque o foco é outro.
Só posso dizer que, ao contrário de muitos casos, onde geralmente as mulheres
arcam sozinhas com a responsabilidade do filho, juntei meus trapos, com os
trapos do pai, e aos 17 anos constitui família. Ou seja, casei.
Administrar os conflitos da adolescência, com a
responsabilidade de ser mãe e esposa, me fez chorar muito, mas muito mesmo. A
sorte foi ter a dona Irene do meu lado. A avó-mãe mais incrível que já conheci,
e a qual, em memória, dedico esse texto.
Troquei a escola, o emprego, baladas, mordomias e a
liberdade, por fraldas, mamadeiras, choro, noites sem dormir e uma "viagem
sem retorno". Aprendi na marra a ser adulta.
Mas acho que gostei da brincadeira (e das dores do parto).
Depois do Luiz, vieram mais dois: Lucas e Giulia, aos 19 e aos 22 anos,
respectivamente.
Hoje, tenho três jornadas: trabalho, casa e escola (uma
loucura). Sou uma jovem com três filhos
na fase da “aborrecência” (e que fase!). O manequim 38 e a barriga lisinha
ficaram para trás. Os cabelos brancos começaram a proliferar em minha cabeça e
anunciam o que está por vir: "filho criado, trabalho dobrado".
A vida continua não sendo fácil, mas manter o sorriso no rosto e a cabeça erguida é a melhor forma de encarar o dia a dia.
Arrependimento? Não. Talvez, um vago desejo de ter feito as
coisas no tempo certo. Do jeito que a
minha mãe queria.
A maior lição que ficou disso tudo foi entender que, apesar
de difícil, ver o filho seguindo seus conselhos, é o melhor presente que uma mãe
pode receber.
Pois é, meus amigos, no mercado da vida, conselho de mãe
vale ouro.